12 de Junho de 2015 às 18:49

Bradesco, Itaú e Santander vão a 'data room' do HSBC

Venda do HSBC

O Goldman Sachs, contratado para vender as operações do HSBC no Brasil, abre na próxima segunda-feira o chamado "data room", com as informações relevantes do banco aos interessados.

Segundo apurou o Valor, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander terão acesso aos dados. Os três bancos se qualificaram para a segunda etapa do processo de venda do HSBC depois de terem apresentado, nas últimas semanas, suas propostas indicativas de preço.

Fontes que acompanham o processo não souberam dizer se outro banco foi também qualificado. A reportagem apurou que o BTG Pactual não chegou a apresentar proposta, depois de considerar que o processo se tornou competitivo demais, o que elevaria o preço.

Ontem, o HSBC anunciou uma ampla reestruturação global, com o objetivo de elevar o retorno. Entre as medidas para isso, está a venda das unidades brasileira e turca. No Brasil, o banco manterá apenas o atendimento a empresas de grande porte relacionado a necessidades internacionais.

No Brasil, depois da fase de "due diligence" (auditoria nos números), os candidatos apresentarão propostas firmes de compra e, a partir daí, o banco autor da melhor oferta conquistará o direito de negociar a compra do HSBC Brasil com exclusividade. A expectativa entre interessados é que essa exclusividade seja dada em meados de julho e que o processo todo seja concluído em agosto.

O Bradesco teria apresentado o maior preço na primeira fase da disputa. No entanto, todos os interessados estão em igualdade de condições na segunda fase e vão calibrar suas ofertas definitivas em função dos números que encontrarem no "data room".

Para analistas, uma potencial aquisição do HSBC Brasil pode levar o Bradesco a ter uma certa restrição de capital, segundo análises feitas pelo UBS e pelo J.P. Morgan.

Em relatório, o UBS afirma que o capital de nível 1 do Bradesco cairia abaixo mínimo exigido pelo Banco Central, de 11%, se a compra do HSBC Brasil fosse fechada por R$ 10 bilhões em dinheiro, algo equivalente a uma vez o patrimônio líquido da subsidiária do banco britânico. A falta de capital poderia ser de R$ 6,7 bilhões, com o capital de nível 1 do Bradesco caindo de 12,1% para 10,1%.

O UBS alerta, porém, que ao longo do tempo o Bradesco acumularia mais capital gerado pelo lucro e que, portanto, a falta de recursos poderia ser menor.

Para o J.P. Morgan, uma transação de R$ 10 bilhões em dinheiro atingiria o capital do Bradesco, mas não induziria um aumento de capital. O relatório diz que os elevados retornos do banco, o atual fraco crescimento do crédito no Brasil e a adoção das regras de Basileia 3 de forma gradativa até 2019 podem ajudar o Bradesco.

Nas contas do J.P. Morgan, o HSBC precisaria atingir um lucro de R$ 715 milhões para que a lucratividade do Bradesco se mantivesse dentro da estimativa de 2015. Em 2014, o HSBC Brasil teve prejuízo de R$ 549 milhões.

A área de análise de companhias do Goldman Sachs considera que a eventual compra do HSBC Brasil por algo entre US$ 3,2 bilhões e US$ 4 bilhões representaria apenas parte dos gastos com a aquisição da subsidiária do banco britânico. No Goldman Sachs, como em outros bancos com atuação em diversos setores, a unidade de análise é independente do banco de investimento, setor que coordena a venda do HSBC Brasil.

A sobreposição de agências e das áreas de "back-office", além de custos de reforma de agências que permanecessem abertas, devem representar despesas extras para quem já tem presença no Brasil.

De acordo com o Goldman Sachs, quem sofreria em menor proporção esse efeito é o Santander, por ser menor que os concorrentes Itaú Unibanco e Bradesco.

  

Ontem, o HSBC afirmou que não venderá o banco no México, uma subsidiária que poderia despertar o interesse do Itaú dentro do seu projeto de internacionalização. O banco deu mais um prazo para a unidade atingir um retorno sobre o patrimônio de 10%. Em relatório, o Goldman Sachs afirmou que, entre os principais bancos mexicanos, o HSBC é o que tem a menor rentabilidade desde 2013.

Fonte: Valor Econômico

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