19 de Dezembro de 2014 às 07:33

Mulheres Bancárias debatem pressão no trabalho com pesquisador da USP

Coletivo Nacional de Mulheres Bancárias da Contraf-CUT

A pressão no trabalho foi um dos principais temas debatidos na reunião do Coletivo Nacional de Mulheres Bancárias da Contraf-CUT, realizada nesta quinta-feira (18), na sede da Confederação, em São Paulo, com a participação de dirigentes sindicais de todo o país. "O trabalho pensado a partir de metas precisa ser combatido", afirmou Leonardo José Ostronoff, doutorando em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do estudo "Controle do corpo e emoções no trabalho bancário brasileiro".

Segundo o pesquisador, o assédio moral virou uma forma de gestão do capital flexível, que tem em sua máxima representação o poder exercido pelo sistema financeiro.

"A partir da acumulação flexível. o novo trabalhador tem quer ser comprometido com as regras da competitividade, acirrando o individualismo social. É justamente no trabalho bancário que as transformações provocadas pela acumulação flexível aparecem no Brasil mais fortemente," explicou Leonardo.

Assédio moral e adoecimento

Para o sociólogo, "o assédio moral é forma que o banco utiliza para arrancar mais produção do trabalhador. No processo de alta lucratividade, que não é pouca, os bancos exercem o controle dos funcionários a partir de metas e rankings, o que significa controlar o corpo e as emoções do trabalhador em todos os espaços. Quem não cumpre a meta se sente incompetente", ressaltou.

Leonardo também destacou que os casos de assédio moral têm aumentado nos últimos dez anos, assim como o número de suicídios entre os trabalhadores, em especial os bancários. Ele elogiou a luta dos dirigentes sindicais para combater o problema e afirmou que a atuação sindical é fundamental.

"A pauta sindical de combate ao assédio moral é de extrema importância. Divulgar os casos é o melhor caminho para combatê-los. Mostrar como o banco tem agido e como isso influencia na saúde e na vida dos bancários deixa visível que o trabalho pensado a partir de metas precisa ser combatido", explicou o estudioso.

Bancárias e assédio sexual

A secretária da Mulher da Contraf-CUT e coordenadora do Coletivo Nacional de Mulheres Bancárias, Deise Recoaro, frisou que o número de mulheres afastadas por problemas psíquicos é maior do que entre os homens no setor financeiro.

"Os números de afastamentos do trabalho por problemas psíquicos e do sistema nervoso são alarmantes. Isso mostra que a saúde não pode ser vista separadamente nas relações de trabalho, sendo também uma questão de gênero", defendeu.

As discussões sobre igualdade de oportunidades na Campanha Nacional 2014 também envolveram o combate ao assédio sexual. Após a mobilização da categoria, os bancos assumiram o compromisso de realizar uma campanha junto aos funcionários e às funcionárias para enfrentar o problema.

Deise reforçou o lançamento da segunda edição da cartilha Assédio Sexual no Trabalho, que já teve mais de 90 mil exemplares distribuídos em todo Brasil.

"O sindicato tem que estar perto dos bancários e das bancárias. Precisa conversar e debater o tema do assédio sexual. As mulheres são as principais vítimas, mas o problema afeta a todos", explicou a diretora da Contraf-CUT.

Pauta das mulheres e desafios

Além da pressão no trabalho e do combate ao assédio sexual, o Coletivo de Mulheres também discutiu outros temas, como o resultado do 2º Censo da Diversidade, a cota de 40% de participação feminina no próximo congresso da Contraf-CUT, a organização para as marchas de mulheres e as oficinas de formação feminista.

Fonte: Contraf-CUT

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