30 de Outubro de 2025 às 16:33
Luta
 
                                
							Completa-se nesta quinta-feira, 30 de outubro, os 40 anos da Greve das 6 Horas, mobilização que marcou a história das empregadas e dos empregados da Caixa Econômica Federal. Realizada em 1985, a paralisação nacional de 24 horas contou com adesão total dos trabalhadores do banco e resultou em duas conquistas históricas: a jornada de 6 horas e o direito à sindicalização.
Os empregados da Caixa pela legislação da ditadura eram considerados economiários e proibidos de ter sindicato. Os reajustes salariais eram definidos pelo governo e comunicados aos empregados.
“Não tínhamos direito à sindicalização, data-base e direito de sentar à mesa pra negociar e reivindicar as condições de trabalho. Simplesmente, esperávamos o mês de janeiro para saber qual o reajuste dado pelo governo para nossos salários”, lembra a deputada Erika Kokay (PT/DF), empregada da Caixa, em depoimento ao livro “Sindicato dos Bancários de Brasília-Uma história”.
A campanha pelas 6 horas vinha crescendo em todo o país, paralelamente à mobilização dos bancários dos outros bancos, que fizeram uma greve histórica de três dias em setembro, a primeira depois do golpe cívico-militar de 1964 e a maior da história da categoria até hoje.
No dia 23 de junho de 1985, mais de 800 empregados da Caixa participaram de um ato público em frente ao Congresso Nacional exigindo a jornada de 6 horas.
No mesmo dia, cerca de 2 mil representantes participaram em São Paulo do 1º Encontro Nacional pela Mobilização dos Empregados da CEF (assim todos se referiam à Caixa na época).
Diante da negativa da direção da empresa e do governo federal em negociar, os empregados da Caixa, reunidos no I Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (I Conecef), realizado em Brasília, em 19 e 20 de outubro, decretaram greve de 24 horas para o dia 30, com nova paralisação por tempo indeterminado a partir de 6 de novembro, caso fosse necessário.
A paralisação foi total em todas as capitais, chegando a 90% nas cidades do interior.
Diante do sucesso da greve de 24 horas e da iminência da greve por tempo indeterminado a partir do dia 6 de novembro, as negociações se intensificaram entre o movimento sindical, o governo e o Congresso Nacional. Os parlamentares aprovaram lei reconhecendo os empregados da Caixa como bancários, com jornada de 6 horas e direito à sindicalização. A lei foi sancionada pelo então presidente José Sarney.
O resultado veio em dezembro de 1985: a lei foi sancionada em 17 de dezembro e passou a vigorar em 1º de janeiro de 1987, consolidando a jornada de 6 horas e o direito à sindicalização. A conquista representou não apenas uma vitória trabalhista, mas também um passo importante na redemocratização do país, ao restituir aos empregados da Caixa dignidade, cidadania e voz coletiva.
O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, participou da greve. Recém-contratado no banco, Takemoto conta que, na época em que ingressou na empresa, enfrentava uma realidade muito diferente da dos empregados de outros bancos: além de não serem considerados bancários, os trabalhadores da Caixa tinham uma jornada de oito horas de trabalho, sem direito à negociação coletiva, sem pauta de reivindicações e sem acordo salarial.
“Enquanto os bancários tinham 6 horas e participavam de negociações, nós ficávamos de fora. Foi dessa indignação que nasceu o movimento. Entendemos que também tínhamos direito: direito à jornada de 6 horas, direito à sindicalização, direito a sermos reconhecidos como trabalhadores e trabalhadoras bancários”, conta o presidente da Fenae.
Para Takemoto, o movimento serve de referência histórica para a continuidade da luta por melhores condições de trabalho e por atendimento adequado à população.
Quatro décadas depois, o movimento de 1985 segue como símbolo de unidade e resistência. Entretanto, a categoria enfrenta novos desafios: a manutenção da jornada de 6 horas e a contratação de mais empregados, diante do déficit de pessoal e da sobrecarga de trabalho, especialmente quando a Caixa é chamada a executar políticas públicas e programas sociais do governo federal.
“Precisamos preservar as conquistas de 1985 e relembrar que os direitos só se mantêm com organização e luta”, disse o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Felipe Pacheco. “Constantemente somos chamados a trabalhar aos sábados para atender a demanda criada pelos programas sociais do governo federal. Não nos recusamos a dar nossa contribuição para que a Caixa cumpra seu papel social, mas precisamos receber pelo trabalho realizado e termos nosso esforço reconhecido. No entanto, por vezes, o que acontece é a cobrança abusiva de metas de vendas de produtos, descomissionamentos injustificados e a imposição de tarefas e normativos operacionais sem ao menos uma comunicação prévia. Isso não pode acontecer”, completou Felipe.
Por: Fetec-CUT/CN e Contraf, com informações da Fenae
 
				Link: https://www.seebcgms.org.br/caixa-economica-federal/empregados-da-caixa-comemoram-os-40-anos-da-greve-historica-que-conquistou-a-jornada-de-6-horas/