4 de Novembro de 2011 às 09:48

Lucro dos bancos é principal fator para aumento do spread, diz Banco Central

A margem de lucro dos bancos continua tendo o maior peso entre os itens que compõem o spread bancário (diferença entre o custo de captação de recursos e a taxa cobrada dos clientes nos empréstimos). Segundo o Relatório de Economia Bancária, divulgado nesta quinta-feira (3) pelo Banco Central (BC), o item chamado "Margem Bruta, Erros e Omissões" correspondeu a 54,62% do spread prefixado em 2010.

Em 2009, esse percentual foi de 49,91%, mostrando que houve crescimento da participação do lucro no spread. Ao serem descontados os impostos diretos, a margem líquida de lucro dos bancos ficou em 32,73%, no ano passado, crescimento expressivo em relação aos 29,94% registrados em 2009.

A participação da inadimplência na composição do spread caiu de 2009 (30,59%) para 2010 (28,74%). O custo administrativo passou de 14,25%, em 2009, para 12,56% no ano passado.

Os depósitos compulsórios (recursos que os bancos são obrigados a depositar no BC) mais os subsídios cruzados (gerados pelo direcionamento obrigatório de parte dos depósitos à vista e de poupança para crédito rural e crédito habitacional), os custos com o Fundo Garantidor de Crédito e encargos fiscais chegaram a 4,08%, no ano passado, contra 5,26% em 2009.

De acordo com os dados do BC, o spread passou de 29,81 pontos percentuais, em 2009, para 27,87 pontos percentuais em 2010. O BC também informou que os bancos públicos registraram spread de 21,11 pontos percentuais, no ano passado, contra 34,22 pontos percentuais em 2009. Nos bancos privados, houve alta de 27,97, em 2009, para 30,51 pontos percentuais em 2010.

"Este estudo do BC é fundamental pois desmascara o discurso dos bancos. Se houve redução, ela foi responsabilidade dos bancos federais, que passaram a agir mais como bancos públicos de verdade e a jogar o spread para baixo", afirma Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT. "O compulsório caiu, mostrado que o governo está fazendo sua parte. A inadimplência caiu, mostrando que a população brasileira está fazendo sua parte. Falta apenas que os bancos deixem de lado sua ganância e reduzam sua margem de lucro", sustenta.

Marcel lembra que, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada em março deste ano, o então presidente da Febraban, Fábio Barbosa, culpava a inclusão social da parcela mais pobre da população brasileira pela alta do spread. Segundo ele, essa nova clientela traria maiores riscos para os bancos, que teriam que aumentar os juros cobrados. "Bancarização e spread menor podem ser coisas incompatíveis", disse o executivo.

Os balanços do Banco do Brasil e do Itáu, divulgados nesta semana, contradizem a tese de Barbosa. O BB registrou inadimplência de 2,1%, menos da metade do índice do Itaú, de 4,7%.

"Isso mostra que a relação é o contrário do que pregam os bancos: juros maiores geram uma inadimplência maior", sustenta Marcel. "São números que desmentem o ex-banqueiro e mostram a verdadeira origem do spread. Há um ditado que diz que a mentira tem perna curta, e ele se aplica às declarações de Barbosa", afirma Marcel.

Fonte: Contraf-CUT, com Agência Brasil

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