30 de Janeiro de 2009 às 12:19

Panamericano anuncia 370 demissões e 867 terceirizações

Os cortes atingiram os agentes de crédito, uma das categorias que estão à margem da Convenção Coletiva dos Bancários

O banco Panamericano anunciou a demissão de 370 funcionários e a terceirização de outros 867 empregados. Os cortes atingiram os agentes de crédito, uma das categorias que prestam serviço para os bancos, mas que estão à margem da Convenção Coletiva dos Bancários. Ao todo, o banco empregava 3.750 funcionários no País.
 
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região vai entrar em contato com o PanAmericano para marcar uma reunião urgente. A secretária-geral da entidade, Juvandia Moreira, diz que a empresa, assim como todos os bancos menores, lucraram muito nos últimos anos e agora usam a desculpa da crise para precarizar os empregos.
 
“Esses bancos engordaram os ativos e obtiveram rentabilidade histórica nos últimos anos. E, mesmo assim, não têm responsabilidade social nenhuma e estão demitindo e terceirizando. O pior é que esses trabalhadores já não estão enquadrados na categoria bancária, portanto ganham menos e não têm os mesmos direitos. Com a terceirização, os agentes de crédito vão ganhar menos ainda. É a precarização total dos empregos”, diz Juvandia.
 
Conforme pesquisa da agência de risco Austin Rating, o conjunto das nove instituições mais fortes do segmento (BicBanco, Sofisa, Pine, Indusval Multistock, Panamericano, Daycoval, ABC Brasil, Cruzeiro do Sul e Paraná Banco) registrou lucro líquido 61% maior no acumulado de 2008 até setembro, de R$ 1,51 bilhão, ante os R$ 935,63 milhões obtidos em igual período do ano anterior.
 
“Esses bancos ainda estão sendo beneficiados por uma série de medidas tomadas pelo governo para aumentar a circulação de crédito no país. O Sindicato e a CUT estão lutando para garantir contrapartidas sociais das empresas beneficiadas com recursos públicos, sobretudo no que diz respeito à manutenção dos empregos”, comenta Juvandia.
 
Irresponsabilidade social – Segundo o Panamericano, as demissões e terceirizações fazem parte de um plano de redução de 30% dos custos do banco para enfrentar a diminuição na demanda por crédito no País. O PanAmericano pertence ao Grupo Silvio Santos e seu “modelo de gestão é focado em resultados e lucratividade”, como frisa a apresentação da empresa em sua página na internet.
 
“O banco só quer aumentar o lucro e, para isso, joga contra o Brasil. Essa história de que a demanda por crédito no país caiu não é verdade. O que houve foi uma redução na oferta, com aumento nas taxas de juros e nas exigências. Em vez de baratear o crédito para ajudar a economia girar e crescer, os bancos preferem demitir e sucatear os empregos, numa irresponsabilidade inaceitável. O Sindicato vai cobrar o PanAmericano por essa atitude”, finaliza Juvandia.
 

Fábio Jammal Makhou, do Seeb/SP
 

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